terça-feira, 18 de janeiro de 2011

[ BANQUETE ] - [ 11-01-2011 ]

Um banquete convencional. Cheio de pessoas convencionais. Todos com suas certezas e dúvidas, com dois olhos, nariz e boca, cumprindo com louvor seus papéis sociais apesar de seus distúrbios noturnos e surtos matutinos uma vez a cada 11 dias, quando abrem o armário e notam o vazio antes ocupado pelo pó de café.

Todos estão sentados a sorrir sem a menor naturalidade, o que eles querem realmente fazer é gritar e puxar os cabelos, os próprios e os alheios.

No banquete todos os pratos fartos, todos bem servidos com seus relógios de parede, comendo as horas uma a uma, querendo assim devorar toda a semana até que chegue logo o sábado. Um caso raro de chronofagia. Algumas mulheres pensam se isso pode vir a lhes regular o intestino.

No auge desse evento, agora o podemos dizer, atemporal, bate o anfitrião com seu martelo de aço na taça de plástico, pedindo a todos atenção. E o anfitrião ao proclamar seu discurso, encheu os ouvidos dos convidados com mil palavras que nada tinham a dizer. Assim, os convidados, estarrecidos e impressionados com tamanha aura de nobreza e demonstração de intelecto, tiveram sua natureza alterada, e nenhum deles depois do evento conseguiu combinar a gravata com o paletó. E as mulheres por sua vez, deixaram de usar esmalte nas unhas e passaram a pintar com ele os olhos.

Mas voltando ao tempo que já foi engolido às colheradas, falemos da noite do banquete. Acontece que depois do discurso, os convidados confusos deixaram as horas de lado a passar como mandam os ponteiros e vieram servir-se de nós, que os estamos a observar. Culpa de Oswald de Andrade que lá por 1920 divulgou às massas vanguardistas essa tal antropofagia. Sorte nossa que a eles não foi possível nos dilacerar pois o tempo em que estamos agora se encontra a caminho de seus respectivos estômagos num cruzeiro educativo pelo processo digestivo e o sistema que o comporta.

Desse banquete sem sobremesa todos já foram embora. Estão agora a dormir um sono irriquieto e incômodo por conta da azia e má digestão, pois naquele tempo que comeram está nossa sociedade com toda sua sujeira e injustiça a revirar-lhes o estômago e a causar-lhes pesadelos com imagens de morte, de desperdício e desnutrição, de pipas coloridas enroscadas nos fios de alta tensão e de um menino que chora devido uma queda de bicicleta.

É quando, mais ou menos em sincronia, cada um em sua casa se levanta de sua cama e vomita tudo isso, e de suas gargantas sai uma melodia estranha, uma mistura de orquestra desafinada/desgovernada com ferrugem e poças d'água. Por fim eles dão descarga nisso que muitos chamam de vida, alguns de rotina, e vão deitar-se tranquilos, e sonham sossegados, e acordam descansados, prontos para tomar um sol e caminhar descalços na grama, sentindo o mundo sob seus pés através de sua pele fina, tão fina quanto as antes usadas meias de poliéster.


- A Persistência da Memória - Salvador Dali -


[ Boletim Informativo Pessoal ] [ 9 ]

Opa!

Depois de usar a faculdade como desculpa por quase 1 mês sem atualizações, agora vou usar as férias pra esse 1 mês e pouco sem atualização.

;)

Acontece que férias é bom demais, e o computador nem é tão legal assim quando você tem tempo livre, amigos, violão, livros e festas e outras coisas do gênero.

Bom, dia 19 de dezembro (nossa, hoje é 18 de janeiro!) fui ao show do Gilberto Gil no SESC Itaquera. Fazia MUITO tempo que eu estava afim de ver um show dele, desde meados de dois mil e dez (hahahahahahhaa). Ele tinha um show "marcado" no site pro dia 29 de novembro em São Paulo, estava querendo ir nesse, mas não sei o que rolou que esse show sumiu do site e de tudo e não aconteceu. Aê fiquei super feliz quando vi o show anunciado no circuito SESC!

Mesmo eu tendo jurado nunca mais voltar ao SESC Itaquera depois do um show do Chico César que por lá rolou e que foi MUITO TENSO pra chegar, fui ao show. (Já havia tentado quebrar minha promessa de não ir ao SESC Itaquera quando teve show do Ney Matogrosso, mas não consegui ingressos). Dessa vez com auxílio do Google Maps descolamos um caminho very nice de São Bernardo até o SESC. Depois de descoberto esse caminho, retiro minha promessa já quebrada de não voltar ao antes longíquo SESC Itaquera.

Arrastei comigo, mais uma vez, o pessoal do atletismo. Fomos: Piti e Lu, Chiquinho, Julimar, Bruno e Eu. A Lu com sua barrigona de grávida de 8/9 meses ficou na área vip (falando nisso, a Luiza, filha da Lu e do Piti nasceu!!!! Eba!! Nasceu cheia de saúde, pesando 4,175 kg!Se não me engano no dia 12 de janeiro).

Eu "anotei" no celular o set list do show, mas sei lá como gravei, sei que não rolou e ficou faltando muita informação. Basicamente ele tocou todo o Fé na Festa e boa parte de quase tudo de forró e xote que ele já gravou.

O SHOW FOI BOM DEMAIS!!! Tava um sol muito gostoso (entenda por muito forte e muito quente) e eu dancei demais, adorei.

Ah, uma nota: Gilberto Gil tocou 'Olha pro ceú' de Luiz Gonzaga, muito legal a versão, mas eu acho que a versão feita por Chico César e banda ficou mais legal que a do Gilberto Gil. Meus amigos dirão "mas é claro que você vai gostar mais da versão do Chico César e tchu ru ru..." mas sério, sou sincera com música, e realmente acho que ficou mais legal. Quem duvida procura aê as duas versões no youtube e decida sua opinião. Não vou por link nenhum pra vocês deixarem de ser preguiçosos. Enfim, acho que a versão do Chico César é mais animada e tem mais groove.

Bom, como faz muito tempo que rolou o show e como eu não consegui anotar o set list no celular (vencida pelo celular, que vergonha, em plenos vinte e um anos de idade!), encerro por aqui o relato do show mencionando a música que encerrou o show na ocasião: Madalena.

Na passagem de som:






- Piti e Lu na passagem de som. Piti diz: "hey Tchella, coloca essa no 'facebucks' " -

No show:




- Piti e Chiquinho -


- Bruno e Eu -


- Ju, Bruno e Eu -

















Bom, tenho lido muito, saio de férias e deixo as prateleiras da biblioteca da faculdade vazias. Livros Lidos nessas férias:

Geração Beat - série encontros
Cartas do Yage - Allen Ginsberg e William Burroughs
Gilberto Gil-o viramundo - (não lembro quem escreveu =[ )
Mozart, a sociologia de um gênio - Norbert Elias
Fogo Morto - José Lins do Rego
A Caverna - José Saramago
Ensaio sobre a Cegeuira - José Saramago
Ensaio sobre a Lucidez - José Saramago
O Apelo da Selva - Jack London (esse foi o Sampa,amigo meu, que recomendou e me emprestou)

Livros à espera de leitura nessas férias:
Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta - Ariano Suassuna

Ufa! Sou viciada em livros, adoro ler!


E acho muito agradável andar pelos corredores da biblioteca esperando algum livro me chamar.

Esse do José Lins do Rego, Fogo Morto, aluguei por conta do Chico César. Enquanto andava pela biblioteca esse livro me passou pelos olhos, no instante me veio à cabeça uma música: "em fogo morto vai o afago da saudade, nem a metade do queimou queima mais..." [ Moer Cana - Chico César ], e essa música eu adoro, gosto MUITO mesmo. Peguei o livro. O livro é sensacional, adorei. É do tipo que chamo de 'livro de silêncio', daqueles que quando você começa a ler tudo à sua volta vira silêncio e você vive pra valer cada letra do papel.

Esse do Ariano Suassuna é uma coisa enorme, tem umas 750 páginas, também me chamou atenção nas prateleiras (nada de surpreendente devido ao tamanho do livro) e me trouxe uma música à cabeça: "... eu sou um auto de Ariano Suassuna, no meio da Feira de Caruaru..." [ Leão do Norte - Lenine ], outra música que gosto muito e que meu namorado toca toda vez que pega num violão. Peguei o livro. Ainda não comecei a ler, mas algo me diz que deve ser bom (Lenine me diz que deve ser bom, hauhuahuahuuha).

Os livros beats os ganhei de presente da Ariane e do Fernando, grandes amigos da ETE Lauro Gomes, no meu aniversário. Gostei também. Não conhecia o movimento Beat, achei muito interessante. Me pôs a pensar: 'será que serei uma velha junkie?' Huhahuauhuhaa

Os do Saramago...No0o0o0o0o0o0ossa...Absurdamente bons. Ele mergulha tão fundo na natureza humana, ele explora tão violentamente as falas mais corriqueiras do dia-a-dia, que me senti violada como pessoa, mas violada no bom sentido, no sentido de descoberta de minha própria natureza. Livros para refletir. Recomendo todos. Peguei primeiro na prateleira A Caverna, o título me atraiu. Pensei: 'é aquela mesma caverna que a gente estuda em filosofia?', aê aproveitei pra pegar a Cegueira e a Lucidez.

Bom, chega né? Quem quiser saber mais que leia os livros.

Tô tocando bastante violão, uma amiga da faculdade, Gisely, me descolou um método de violão erudito. Tô estudando. Toquei guitarra depois de muito tempo, o Bruno me emprestou uns pedais e fiquei brincando. Tenho ouvido meus vinis. Aliás, quem tiver uma caixa de vinis empoeirados num canto da garagem, aceito doações.

Última novidade: estou empregada. Indústrias Nucleares do Brasil. Uhul! Mais informações mais tarde. Feliz. Triste também. Por enquanto, terei de ficar sem meus amados treinos de atletismo.

Muchachos e muchachas, adiòs!

Aos interessados, um Beijo0o0o0o0o0o0o0o0o0o.

Fotos das minhas férias:















PS: Como podem ver nas fotos, comprei um all star novo (que já não está mais novo, nem limpo). Não joguei fora o 'branco'. Diz o Sampa que 'o red tem muita personalidade, combina com você'.

PS II: Talvez me mude pra Sampa [a cidade, e não o meu amigo (hahahahahahaha).]